Márcia Fervienza
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Nos dias 21-22 de dezembro de 2023 teremos o Solsticio de Verão no Hemisfério Sul e o Solstício de Inverno no Hemisfério Norte. Embora estes pareçam ser apenas mais um dia em nosso calendário, eles são MUITO MAIS do que isso. Na verdade, eles extrapolam o calendário, porque em lugar de se pautar por marcos aleatórios de início ou final de verão ou de inverno criados pelo homem, eles foram criados pelo nosso olhar, o olhar dos nossos ancestrais para o céu e para a natureza, tentando entender qual era a mensagem, qual era o próximo passo, para onde deveriam caminhar em seguida.
Estes são dias de reconhecimento do momento que a natureza está atravessando e da etapa do ciclo no qual ela se encontra. É hora de plantar? De colher? De nos recolhermos (com comida o suficiente para atravessarmos o inverno)? Ou de sair para celebrar com a nossa tribo o incrível período de abundância que tivemos?
Ao falar disso, me imagino com os pés na grama e os olhos voltados para o céu, observando a lua. Em qual fase ela se encontra? E o que isso significa para você?
Sempre nos orientamos pela natureza e ela nunca deixou de nos informar aquilo que precisávamos saber para nossa sobrevivência e para a perpetuação da nossa espécie. Mas nós nos perdemos em nosso caminhar quando nos conectamos com a tecnologia e nos desconectamos da mãe Gaia, da Deusa. Não, a tecnologia não compete com a natureza e ambos podem sim ser coexistir complementariamente. Mas, se o que está fora, debaixo dos meus pés e acima da minha cabeça, é um reflexo do que está dentro de mim, o que significa essa desconexão com o meu meio? Significa, também, uma desconexão de mim mesma.
No dia 21 de dezembro às 22h27 (horário do leste) aqui no Hemisfério Norte teremos a noite mais longa do ano, quando o Sol atingirá seu ponto mais baixo no horizonte. Lá ele ficará por aproximadamente 3 dias quando, então, retomará o seu caminho de subida. Então, os dias ficarão gradualmente mais longos, com o Sol se pondo um ou dois minutos mais tarde todos os dias, durante os seis meses subsequentes, até que ele alcance novamente seu ponto mais alto no horizonte.
E no Hemisfério Sul? No Hemisfério Sul acontecerá exatamente o oposto: no dia 22 de dezembro à meia noite e vinte e sete (horário de Brasília) o Sol atingirá seu ponto mais alto no horizonte, onde também permanecerá por aproximadamente 3 dias e, a partir de então, retomará gradualmente seu caminho de descida. A cada dia, a noite chegará um ou dois minutos mais cedo todos os dias pelos seis meses subsequentes, até que o Sol alcance seu ponto mais baixo no horizonte.
E essa data - assim como os equinócios - é muito especial! Primeiro, porque a Astrologia tropical está totalmente pautada nos ciclos da natureza e nas estações do ano. Segundo, porque nós somos feitos da mesma matéria - eu, você e a natureza - e esse dia de celebração do que está fora pode ser também um dia de reconexão com o que está dentro.
Tradicionalmente, os povos de antanho celebravam no dia do Solstício de Inverno o Yule, que era um festival dedicado a comemorar a vitória da luz sobre a escuridão. Após dias curtos e noites longas, de muito frio, a luz voltaria gradualmente a brilhar, e o calor voltaria gradualmente a aquecer a terra, permitindo o plantio para posterior colheita. Era a vida voltando à vida.
No Hemisfério Sul celebrava-se a Litha, o festival do Solstício de Verão, que consagrava a abundância da natureza, o poder do Sol e a alegria da vida. Com o Sol em seu ponto mais alto no horizonte todos estavam em seu pico de energia. As colheitas tinham atingido sua plena maturidade. Durante Litha eles honravam com gratidão o deus Sol, muitas vezes através de fogueiras, rituais e celebrações ao ar livre. Em apenas algumas semanas, a temporada de colheita começaria, mas naquele momento eles faziam uma pausa para celebrar a manifestação do que foi plantado nas primeiras semanas da primavera.
Quando foi a última vez que você parou para celebrar a manifestação do que foi plantado?
Ambas transições contém um simbolismo profundo. Ambas refletem a dança eterna entre a luz e a escuridão, entre a vida e a morte, e o potencial sempre presente de transformação, tanto em nossas vidas quanto na natureza.
Dentro de nós também vivemos uma eterna luta - ou dança - entre a nossa luz e a nossa escuridão, sempre buscando um equilíbrio, a consciência, e nutrindo aquela parte nossa que queremos que seja mais forte em nós.
Ao abraçar as energias de Yule e de Litha, nos lembramos do nosso ritmos internos e nos alinhamos com esse ritmo cósmico, aproveitando a sabedoria inerente à natureza.
Esse email é um convite para que você, nos próximos dias, cave um espaço em seu dia, em sua agenda, para se reconectar. Esteja você no ápice do inverno ou no ápice do verão, o momento pede compartilhamento com a nossa tribo, mas também introspecção e autorreflexão. Assim como a natureza se retira de tempos em tempos para um período de descanso e renovação, nós também precisamos fazer o mesmo.
Torne esse momento sagrado. Sim, porque embora a vida esteja cheia de significados e de momentos sagrados, eles só se revelam quando a gente olha intencionalmente para eles, buscando-os.
Aproveite, então, para olhar para dentro, reavaliar sua vida, liberar o que não serve mais (inclusive roupas, sapatos, papéis e brinquedos), renovando a energia da sua casa e da sua alma. O momento é de renovação! Defina com que carga você deseja entrar neste novo período.
Reconecte-se com o seu eu mais profundo, com a sua luz interior e com a faísca da divindade que reside em você. Use o momento para agir de forma a reafirmar a sua gratidão pelo que há, pelo que é, e para celebrar a faísca divina que reside em você, apesar da sua sombra e das noites mais longas da sua alma.
A vida está cheia de momentos sagrados e cheios de significado, esperando o seu olhar pra se revelar pra você.